Um sino no meio da rua e a criatividade de quem brinca o carnaval s?o suficientes para alegrar bloco do 'Quem levou, balance' em Olinda
‘Se para a mulher branca é difícil, para a negra é muito mais’, diz Dilma Campos Diversidade Valor Econ?mico.txt
Dilma Campos,édifícilparaanegraémuitomaisdizDilmaCamposDiversidadeValorEcon?resultado da loteria federal do dia 10/9 CEO da Nossa Praia: “Mesmo batendo metas sucessivamente, passei pela síndrome de impostora” — Foto: Gabriel Reis/Valor A flexibilidade, combinada ao ritmo preciso, um legado da forma??o de bailarina, tem sido uma aliada frequente de Dilma Campos, CEO da Nossa Praia, agência de marketing e eventos, e head de ESG do grupo B&Partners (ecossistema de empresas que oferecem servi?os de marketing), para vencer a resistência em um mercado em que predominam lideran?as masculinas e brancas. Aprendeu com o pai, ex-jogador de basquete profissional, a entender que as pessoas pretas precisam se empenhar dez vezes mais ao desenhar estratégias para marcar pontos, sem jamais esmorecer diante de uma barreira. Com mais de 30 anos de carreira nos segmentos de eventos, propaganda e marketing regenerativo (que busca gerar valor sustentável para as marcas), dois MBAs e cursos no exterior (em gest?o e governan?a), participa??o no Cannes Lions International Festival of Creativity, como jurada e palestrante, Campos se orgulha por quebrar diariamente barreiras que impedem negros, sobretudo mulheres, de chegarem a espa?os de lideran?a. Além da luta antirracista, a CEO da Nossa Praia, que desenvolve estratégias de ESG para marcas, acaba de abra?ar a batalha para quebrar o estigma do etarismo. Vai desenvolver um projeto para discutir a menopausa. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); Devagar, devagarinho, como na can??o de Martinho da Vila, a menina criada na Vila Pompeia, zona oeste de S?o Paulo, foi ocupando espa?os. O sonho era cursar a faculdade de comunica??o, mas a oportunidade de chegar à universidade surgiu com uma bolsa para o curso de odontologia, gra?as ao empenho do irm?o mais velho, também bolsista no mesmo curso. Precisamos de menos medo, menos moldes e de muito mais do improvável” Quando entrou na faculdade de odontologia, Dilma já trabalhava com eventos, onde estreou como bailarina. A forma??o em balé também foi o passaporte para interpretar uma das Patativas do Castelo Rá-tim-bum, série infantil da TV Cultura na década de 1990. Sem perder o compasso acadêmico, ela completou faculdade de odontologia e ainda fez uma especializa??o em periodontia. Por um curto período, conseguiu conciliar plant?es como dentista e as atividades na produ??o de eventos. A sede por absorver todo o conhecimento possível abriu caminhos para assumir cargos de destaque nas maiores agências de publicidade do país. A excelência na entrega, no entanto, n?o foi suficiente para evitar os degraus quebrados na sua trajetória profissional. Nós, mulheres, precisamos quebrar o estigma do processo do envelhecimento” Em entrevista exclusiva ao Valor, Campos, que atualmente é conselheira da Universidade S?o Judas - Grupo Anima; da Associa??o de Marketing Promocional (Ampro); da S?o Paulo Companhia de Dan?a e da Solum Capital, fala sobre as dificuldades de as pessoas negras se apropriarem diariamente do lugar de lideran?a e conta como constrói pontes para levar mulheres negras ao centro do palco dos negócios. Valor: Você conquistou muitos cargos de lideran?a em um ambiente predominantemente masculino e branco. Teve dificuldades para ter seu valor reconhecido e negociar salários? Dilma Campos: Sempre entendi que eu precisava fazer dez vezes melhor do que as pessoas n?o negras. Tinha que solucionar para n?o reclamarem de mim. Cheguei a diretorias das maiores agências de publicidade do país. Mesmo batendo metas sucessivamente, passei pela síndrome de impostora. Nesses momentos, eu me inscrevia em mais um curso. Era uma forma de tentar me diferenciar. Em muitas agências em que eu era a única negra tive coragem para me impor. Aprendi a negociar minhas promo??es. Nós, mulheres, temos mais dificuldade em negociar salários. Ent?o a primeira intersec??o é a de gênero. A segunda é racial. Se para a mulher branca é difícil, para a negra é muito mais. A mulher costuma agradecer quando ganha uma promo??o. O homem pergunta quanto vai ser o salário. Valor: Qual foi a sua motiva??o para abrir a Nossa Praia? Campos: Quando eu era diretora em uma grande agência de publicidade, percebi que todos os meus pares, homens e mulheres brancos, chegavam a cargos de vice-presidente e CEO, o que n?o acontecia comigo. Nessa época, minha filha era pequena e eu queria construir um legado. Entendi que poderia iniciar um negócio, ser CEO e criei a Nossa Praia, em 2013. Três anos depois fui selecionada para o programa Winning Women Brazil, da EY, que mudou minha vida. Na minha turma, novamente eu era a única negra. No Winning Women Brazil percebi que eu poderia ser mais ousada como empreendedora. Comecei a entender que o negócio poderia existir para além do meu sustento, poderia garantir empregabilidade para outras pessoas. Foi um grande salto. Valor: Como foi a negocia??o que levou Nossa Praia para a B&Partners? Campos: Em 2022, Bazinho Ferraz, fundador da B&Partners, e eu éramos parceiros no conselho da Ampro. Ele me fez uma proposta para assumir a cadeira de head de ESG na B&Partners. Disse que n?o me interessava, porque eu era CEO e minha empresa estava indo muito bem. Ent?o ele perguntou o que eu nunca havia escutado na minha carreira: “O que faria você vir?”. Estava no Festival de Cannes em junho de 2022, participando como jurada, quando ele me cobrou a resposta. Respondi que só iria se pudesse levar minha empresa e continuar como CEO. Ent?o ele me prop?s adquirir parte da empresa para que a Nossa Praia fosse a 17a empresa a entrar na network. Já na B&Partners, ao assumir a cadeira de ESG, em dezembro de 2022, tracei políticas de diversidade para as 17 empresas, incluí a network no Pacto Global da ONU. Assumi o desenvolvimento de governan?a, e estamos em processo de certifica??o para Empresa B [empresas com modelo de negócios que focam no desenvolvimento social e ambiental]. Valor: Como será sua atua??o na batalha contra o etarismo? Campos: Até 2030 teremos um bilh?o de mulheres “menopausadas” no mundo e nenhuma empresa está olhando para isso. Nós, mulheres, precisamos quebrar o estigma do processo do envelhecimento e desmistificar isso. Vejo que as marcas n?o est?o preparadas para isso, porque muda tudo: pele, cabelo, sono. Há inúmeras oportunidades de dialogar com esse público, que é novo mercado. A jornalista Maria Candida me procurou para desenvolver esse projeto, porque ela acha fundamental ter uma mulher preta nesse lugar. Envelhecer como mulher preta é muito diferente. Ent?o criamos o Menopausa Summit, que estreia em 2025, em mar?o, finalizando em 18 de outubro, que é o dia internacional da menopausa. Teremos rodas de conversas em S?o Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Bahia, além de 40 videocasts, apresentados por Maria Candida e eu. Valor: Como você traz outras pessoas pretas para o centro dos negócios? Campos: Minha causa s?o pessoas pretas, dou palestras na periferia e, em qualquer lugar que vou, fa?o a provoca??o: cadê a bolsa de estudos? Sou diretora voluntária no Conselheira 101 (C101) e muito do que consigo pessoalmente, como bolsas de estudo, passo para o programa, que reúne muitas mulheres precisando seguir carreira. Este ano, colocamos no curso de forma??o do C101 a primeira mulher preta trans. é esse lugar de inclus?o que precisamos trabalhar. Valor: Como você reage quando ouve de executivos que n?o foi possível encontrar pessoas pretas para uma vaga? Campos: Digo: se n?o encontraram para você, posso indicar hoje mais de 100 mulheres formadas no C101. Tenho sempre vários nomes para indicar em diversos cargos. Valor: O que dá “vergonha alheia” quando se fala do S do ESG? Campos: Sinto vergonha alheia quando as pessoas n?o se percebem como uma massa única nos ambientes. Costumo dizer que precisamos de menos medo, menos moldes e de muito mais do improvável. Eu estar aqui hoje é improvável. Sou uma lideran?a improvável. Era improvável eu chegar até um cargo de dire??o em uma agência de eventos, em uma agência de comunica??o na Faria Lima. Era improvável eu chegar ao Festival de Cannes como jurada e palestrante.
