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Grupo Galp?o recria 'Ensaio sobre a cegueira', de José Saramago, diante do caos: 'Só sobrevivemos pela uni?o'

Desde o fim dos anos 1990,?orecriaEnsaiosobreacegueiradeJoséSaramagodiantedocaosSósobrevivemospelauni?loteria federal resultadp quando ainda atuava no teatro amador, o diretor Rodrigo Portella tem o desejo de levar aos palcos “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago (1922-2010). Na época, via na obra do escritor português, laureado com o Nobel de Literatura de 1998, um bom enredo para ser encenado. Foi no encontro do dramaturgo com o Grupo Galp?o no ano passado que essa vontade se materializou — o espetáculo pode ser visto no Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio, até 14 de setembro. Três décadas depois, o texto ainda soa atual. O livro retrata uma epidemia que assola uma cidade e faz com que seus habitantes deixem de enxergar o mundo, tendo como consequência que acordos éticos e morais sejam postos em xeque. Para Portella, era preciso revisitar a história como um guia para nossos passos hoje, quando o mundo tem guerras em andamento, ascens?o de governos autoritários e crises econ?micas, além da pandemia recente e do negacionismo. — Os processos de coloniza??o, de alguma maneira, já s?o constituídos pela ideia de que é preciso cegar para conquistar. é preciso vendar os olhos para que essa ignorancia permita um processo de explora??o. Todos esses processos, para mim, est?o muito vinculados a uma incapacidade de saber, enxergar e reparar — diz o diretor. Grupo Galp?o encena espetáculo baseado em 'Ensaio sobre a cegueira', de José Saramago — Foto: Guto Muniz/Divulga??o Sem cenário apocalíptico O cenário apresentado pela trama, entretanto, n?o é “apocalíptico”, ressaltam os atores da companhia. Muito porque a história segue um fio que prop?e uma a??o de “abrir os olhos”. — A mensagem que Saramago traz com o romance é que o ser humano só vai sobreviver e passar por todo o caos que a gente vive através da solidariedade e da uni?o entre as pessoas — observa o ator Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galp?o. Para a montagem do espetáculo, o livro de Saramago é visto como uma referência ou ponto de partida. Uma frase que Portella tem repetido em conversas com os atores da companhia é que o escritor português é um homem do século XX e que seu texto, embora “importante e reverenciado”, precisa ser adaptado para a atualidade. Mas a obra originária está “sacralizada”, ele descreve. A personagem “Mulher do médico”, papel de Fernanda Vianna, deixou de lado essa intitula??o para se tornar “A mulher que vê”. No espetáculo, ela é a única que realmente enxerga, refor?ando a importancia da sensibilidade feminina diante do caos que envolve os demais. Já a “Mulher do primeiro cego”, vivida por Inês Peixoto, mantém esse nome e passa por uma emancipa??o ao longo de sua trajetória. — A mulher atua num sentido transformador. Minha personagem faz parte de uma história de compreens?o, de uma revolu??o que acontece pelo afeto — diz Fernanda Vianna, acrescentando referências a processos históricos de vendamento. — Várias de nós já sofreram muitas violências e abusos sem perceber. Grupo Galp?o encena espetáculo baseado em 'Ensaio sobre a cegueira', de José Saramago — Foto: Guto Muniz/Divulga??o No espetáculo, por ser a única que realmente vê em diversas cenas — enquanto os demais atores usam vendas com desenhos de olhos —, a atriz assume a fun??o de guiar os outros artistas e 14 pessoas da plateia que podem comprar um ingresso específico para, vendados, também atuarem, ajudando a compor algumas cenas. Na prepara??o, os atores chegaram a treinar diversas vezes, com voluntários diferentes, para tentar prever o que acontece no palco do teatro. Inês Peixoto conta que tudo é “muito inesperado” neste momento: — Tem pessoas que entram num estado de muita emo??o; outros, apenas brincam. Imagina: a pessoa está fazendo a cena com o Galp?o, é um f?, e de repente entra numa paranoia, come?a a gritar, a andar, a ficar inquieta… é um entrela?amento da fic??o e da realidade de uma maneira interessante — diz a atriz sobre a experiência que teve com o espetáculo em Belo Horizonte e Porto Alegre. Experiência diferente A assistente de dire??o Georgina Vila Bruch avalia que a imers?o é sentida pelos voluntários, mas também pelos espectadores em suas cadeiras: — Se eu só vejo atores atuando, eles fazem isso muito bem. Mas, se tem outros que entram nisso, poderia ser eu. Nosso reflexo nesse espelho é muito mais sensível porque o impacto da identifica??o é muito forte. Grupo Galp?o encena espetáculo baseado em 'Ensaio sobre a cegueira', de José Saramago — Foto: Guto Muniz/Divulga??o Portella conta que a ideia de chamar voluntários para o palco também surgiu nos idos de 1990. O desejo do dramaturgo de realizar o espetáculo, depois de guardado por anos, despontou quando ele já contava com uma trajetória de sucesso no teatro: foi quando teve a chance de convidar integrantes do Grupo Galp?o para assistir a uma de suas pe?as em Belo Horizonte, no ano passado. Tudo já estava armado pelo diretor. — Os atores do Grupo Galp?o é que acabaram caindo num golp?o — brinca ele. Trocaram figurinhas e os atores perguntaram se Portella tinha um projeto em que pudessem trabalhar juntos. Foi quando surgiu “(Um) ensaio sobre a cegueira”. A partir daí, os integrantes da companhia come?aram workshops de música com Federico Puppi, que conta que as can??es foram criadas antes mesmo de o texto ser finalizado: — As músicas n?o fazem tanta referência ao que acontece fisicamente no palco, mas s?o uma lupa emocional que fornece uma comunica??o com a plateia. Muitas vezes, elas s?o simplesmente uma explos?o de sensa??es, invadindo o teatro inteiro. Servi?o “(Um) ensaio sobre a cegueira” Onde: Teatro Carlos Gomes. Pra?a Tiradentes, s/n°, Centro - RJ. Quando: Quarta a sexta, às 19h. Sábado e domingo, às 17h. Até 14 de setembro. Quanto: grátis. Classifica??o: 16 anos. Mais recente Próxima 'Guerreiras do K-pop' e 'Golden' batem recordes e viram febre nas escolas: 'Elas querem cantar, dan?ar, falam sobre os cabelos' Inscreva-se na Newsletter: Seriais Inscrever :root { --news-contextualizada-font: OGloboTitleFontBold,OGloboTitleFontFallback; --news-contextualizada-primary-color: #1e4c9a; } Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 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